Carioca: Flu defende título contra soberania do Fla no século e 'ricos' Botafogo e Vasco
A edição deste ano terá o Fluminense tentando defender o título diante da soberania rubro-negra no século 21.
Novos ricos, Botafogo e Vasco prometem aquecer a disputa.
Rio de Janeiro, RJ, 12 – Considerado o campeonato mais charmoso do País, o Carioca começa nesta quinta-feira com o duelo entre Flamengo x Audax, antecipado da quinta rodada, às 21h30, no Maracanã. A edição deste ano terá o Fluminense tentando defender o título diante da soberania rubro-negra no século 21. Novos ricos, Botafogo e Vasco prometem aquecer a disputa em meio a um racha com a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) por divergências sobre as cotas de TV.
O Fluminense voltou a erguer a taça de campeão no ano passado. Comandado por Abel Braga, atual diretor técnico do Vasco, o tricolor carioca derrotou o Flamengo de Paulo Sousa e encerrou um incômodo jejum de dez anos. Foi o quarto título estadual do time das Laranjeiras no século (2002, 2005, 2012 e 2022), mesmo número de taças conquistadas pelo Botafogo no período (2006, 2010, 2013 e 2018) e uma a mais do que o Vasco (2003, 2015 e 2016). O maior vencedor desde a virada do milênio é o Flamengo, com 11 troféus.
Sob a batuta de Fernando Diniz desde abril, o Fluminense contratou algumas caras novas para a temporada, que terá a Libertadores como principal desafio – o terceiro lugar no Brasileirão garantiu uma vaga na fase de grupos do torneio continental. O lateral-esquerdo Jorge, ex-Palmeiras, o lateral-direito Guga e o atacante Keno, ambos ex-Atlético-MG, são as principais novidades no elenco. O clube planeja o uso de força máxima já na partida de estreia, contra o Resende, em Volta Redonda.
Diferentemente do rival, o Flamengo não pensa em usar a sua força máxima pelo menos até a quarta rodada da competição, quando a Ferj prevê uma multa financeira para quem deixar os principais jogadores fora da disputa. Nos últimos anos, o time rubro-negro tem usado atletas oriundos da base para iniciar a competição para que a equipe principal possa ter um tempo maior de preparação para a temporada. A equipe terá como desafios neste ano a Supercopa do Brasil, contra o Palmeiras, e o Mundial de Clubes, que contará com a presença do Real Madrid.
A principal novidade do atual campeão da Libertadores e da Copa do Brasil será no comando técnico. O português Vítor Pereira assume a vaga de Dorival Júnior depois de protagonizar uma conturbada saída do Corinthians. A tendência é que ele faça sua estreia à beira do gramado somente após a estreia. Diante do Audax, o time deve ser comandado por Mário Jorge, técnico do sub-20.
BOTAFOGO E VASCO ‘RACHAM’ COM A FERJ
O uso da força máxima do elenco durante a disputa do campeonato estadual foi o motivo para o Botafogo entrar em rota de colisão com a Ferj. O clube alvinegro, que tem a sua Sociedade Anônima do Futebol (SAF) comandada pelo magnata americano John Textor, planejava disputar o Carioca com o time sub-23, algo semelhante ao que faz o Athletico Paranaense, enquanto o elenco principal viajaria para uma pré-temporada nos EUA. Recentemente, os comandados do português Luís Castro enfrentaram o Crystal Palace em um amistoso em Londres.
Segundo o regulamento do Carioca, o valor da multa para o clube que não usar sua força total a partir da quarta rodada é correspondente a totalidade de cota fixa de direito de transmissão. Além da punição financeira, a Ferj ganhou um novo argumento para tentar evitar o esvaziamento do Estadual. No fim de dezembro, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou mudanças no sistema de classificação para a Copa do Brasil de 2024. A entidade descartou o ranking nacional de clubes e passou a valorizar os estaduais como referência para preencher 80 das futuras 92 vagas. Desta forma, as equipes não têm mais o resguardo de ter presença garantida na Copa do Brasil mesmo com um desempenho ruim no estadual.
Outro ponto de divergência entre Ferj e Botafogo, se estendendo também ao Vasco, foi a divisão das cotas de TV para o estadual. A dupla defende a divisão igualitária e não aceitou a oferta da Brax, empresa responsável por negociar os direitos de transmissão do Estadual. Inicialmente, o Flamengo receberia um valor duas vezes maior do que os rivais.
O Fluminense, que originalmente era favorável a dividir as cotas igualmente, se alinhou ao clube rubro-negro e acertou a venda dos direitos para a Band depois de ver os valores aumentarem após botafoguenses e vascaínos dizerem “não” – o canal fechado BandSports também vai transmitir as partidas da dupla. Com isso, Botafogo e Vasco fecharam a venda de seus direitos para a LiveMode e terão seus jogos como mandante exibidos na Cazé TV, canal do streamer Casimiro Miguel na Twitch.
O Botafogo vai para o seu segundo ano de SAF. Depois de um 2022 irregular, com mudanças bruscas no elenco ao longo do ano, o alvinegro carioca busca fazer uma temporada com menos oscilação. Por isso, o time sub-23 é quem deve jogar o Carioca até o time principal ser obrigado a entrar em campo. Já o Vasco, voltando da Série B, está em processo de reformulação depois de vender a sua SAF para a empresa americana 777 Partners. O clube de São Januário contratou o técnico Maurício Barbieri, além de uma série de outros atletas que estavam em times da primeira divisão, como Pedro Raul (Goiás), Léo Pelé (São Paulo), Robson Bambu e Lucas Piton (Corinthians). A equipe negocia ainda as chegadas de Jair, do Atlético-MG, e do goleiro Ivan, do Corinthians.
O Carioca 2023 terá o mesmo regulamento dos dois últimos anos. Na primeira fase, todos os times jogam entre si, em turno único. Os quatro melhores avançam para a semifinal e o vencedor leva a Taça Guanabara. As equipes entre a quinta e oitava colocação disputam a Taça Rio nos mesmos moldes, em jogos de ida e volta. Os dois campeões têm vantagem nas últimas disputas de semifinal e final para definir o campeão. O Flamengo é o detentor do maior número de títulos, com 37 conquistas, seguido de Fluminense (32), Vasco (24) e Botafogo (21).
Rodrigo Sampaio
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