Neymar volta quando? Entenda gravidade da lesão e quanto tempo de recuperação

Geralmente, quando um atleta se machuca na região de modo com que tenha que se ausentar durante vários meses, ele não consegue nem caminhar

As imagens iniciais e os movimentos do atacante causaram discordância entre médicos ortopedistas e do esporte

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Neymar volta quando? Entenda gravidade da lesão e quanto tempo de recuperação

Campinas, SP, 25 – Após sair de campo chorando no confronto contra a Sérvia pela Copa do Mundo, Neymar deixou os torcedores brasileiros preocupados com uma possível lesão grave no tornozelo, que traria riscos de deixar o craque de fora do resto da competição. As primeiras previsões é de que um retorno seria, no mínimo, somente no mata-mata, caso a seleção avance. As imagens iniciais e os movimentos do atacante causaram discordância entre médicos ortopedistas e do esporte.

Geralmente, quando um atleta se machuca na região de modo com que tenha que se ausentar durante vários meses, ele não consegue nem caminhar. O atacante não só andou até o banco de reservas como ainda estava jogando no segundo gol da Canarinho. Caso se confirme a baixa gravidade nos próximos dias, o tempo de volta aos gramados deve girar em torno de sete a dez dias. Se for de grau 2, depende do local de lesão do ligamento, e se confirmar grau 3, ele está fora do torneio.

Dentro dos ligamentos, existem receptores responsáveis por nos orientar ao pisar em locais que possam propiciar uma torção, como buracos e desníveis – a chamada “propriocepção”. Quando há a lesão no local, o indivíduo perde parte dessa capacidade, que deve ser restaurada com o tempos através de fisioterapia. Nos piores casos, a entorse pode evoluir ou apresentar instabilidade.

O que define o tempo de reabilitação e o quanto desse aspecto foi afetado é a resposta inflamatória no dia seguinte. Segundo Fabiano Nunes, médico ortopedista da Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP), isso também é avaliado para o tratamento. “Inicialmente, é repouso, gelo e reabilitação o mais precoce possível” disse. “Antigamente, a gente deixava o paciente completamente parado, sem fazer nada. Hoje, na medida do possível e da dor, tentamos a reabilitação o para que ele volte à atividade o quanto antes”.

No caso de Neymar, a reação corporal ao se machucar indica que não houve ruptura. “Como ele saiu andando, pisando e irão tentar fazer o tratamento, deve ter sido um entorse com lesão ligamentar leve. Provavelmente, uma pequena distensão. Senão, já estaria fora da Copa”, comentou.

Já Carlos Daniel Cândido, médico do esporte e cirurgião de pé e tornozelo nos hospitais São Camilo, Albert Einstein, Samaritano e da rede Américas, não vê as imagens com a mesma opinião. Para ele, a possibilidade da seleção perder o craque é real. “Acredito que, pela energia do trauma, movimento do tornozelo e imagem final ao encerramento do jogo, tenha sido uma entorse grau 3, com lesão ligamentar principalmente do ligamento fibulo talar arterior, que é um dos ligamentos mais lesados durante as torções do tornozelo”, disse.

Mesmo uma contusão menos grave pode deixar o atleta de fora por mais tempo do que o inesperado, pois também deve ser avaliada como está a dor na localidade, mesmo após a recuperação. Em caso de andada, corridas e pisadas confortáveis, se estima um tempo de recuperação de, em média, sete a dez dias, o que deixaria o atacante apto a disputa o mata-mata, caso o Brasil se classifique.

Outro fator determinante no tratamento é a condição física do lesionado. No caso de jogadores de alto rendimento, que já estão acostumados a fisioterapias e reabilitações, o tempo de ausência costuma ser menor e mais bem definido. “Eles recuperam-se mais rapidamente por três motivos: preparo física melhor, metabolismo mais acelerado e dedicação total e exclusiva de uma equipe médica de ponta”, reitera Roberto Ranzini, médico do esporte e ortopedista e membro do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

“Para um atleta de alto nível, e dependendo da contusão, é possível uma recuperação em dez dias. Evidente que, com cautela e avaliação diária rigorosa, é possível uma recuperação mais acelerada”, complementou. Junto a isso, os profissionais também tem uma memória muscular e trabalho articular bem feito, com menos vícios na hora de caminhar e fazer movimentos. Um paciente bem nutrido, bem suplementado, com níveis proteicos normais e teoricamente muito bem acompanhado tende a responder melhor.

No entanto, mesmo alguém com um corpo “preparado” para adversidades do tipo deve seguir a reabilitação, principalmente jogadores de futebol, que devem retornar ao alto rendimento em breve, pois um agravamento pode levar até ao encerramento da carreira. “Caso o tratamento não seja adequado e muito sério, pode levar a condições catastróficas da articulação do tornozelo”, alerta Cândido.

“Tendo em vista os ex jogadores de futebol Batistuta e Van Basten, ambos aposentados, de certa forma, precocemente por artrose do tornozelo e instabilidade da articulação, os pacientes devem seguir as orientações médicas e o tratamento proposto em cada caso”, adicionou. Exemplos de recuperação são o uso de imobilização pelo tempo proposto, fisioterapia pelo tempo adequado e restrição de atividades até ordem médica.

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