Richarlison se sente à vontade com a camisa 9 do Brasil e tenta derrubar maldição

"O Tite sabe que sou um cara que faço muitos gols, por isso me deixou com a camisa 9" - disse o atacante

Atacante do Tottenham e da seleção brasileira, Richarlison será o dono da camisa 9 durante o período da Copa do Mundo

richarlison Copa do Mundo Camisa 9
Richarlison está confiante na Copa do Mundo (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Campinas, SP, 23 – Escolhido para usar a 9 da seleção brasileira no Catar, Richarlison não sente o peso do simbolismo da camisa, vestida por Ronaldo Fenômeno e outros grandes goleadores do futebol brasileiro em Copas. O tradicional número nas costas é responsável por 42 gols do Brasil em Mundiais.

O discurso do carismático atacante e as marcas dele nesse ciclo que termina no Catar ratificam que, ao menos antes da estreia no Catar, ele parece não sentir a pressão de usar a camisa 9 que mais gols marcou em Copas do Mundo.

FALA, RICHARLISON!

“O Tite sabe que sou um cara que faço muitos gols, por isso me deixou com a camisa 9”, justificou o capixaba, direto e objetivo em suas respostas quando necessário e divertido em outros momentos. “Quando você veste a camisa 9, a primeira coisa que vem à cabeça é fazer gols”, afirmou o jogador, mais eficiente e à vontade na seleção do que nos clubes.

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Richarlison está confiante na Copa do Mundo (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

O atacante do Tottenham é o vice-artilheiro da seleção nesse ciclo que termina na Copa do Catar. Foram 17 bolas na rede em 38 partidas que lhe renderam prestígio com Tite e a convocação para participar de seu primeiro Mundial na carreira. Apenas Neymar, com 18, marcou mais vezes no mesmo período.

A esperança do torcedor brasileiro é de que Richarlison seja capaz de enterrar a maldição da camisa 9 vista nas últimas Copas. Em 2014, no Brasil, Fred foi chamado de “cone” depois de anotar apenas um gol, contra Camarões. Ele demorou para se livrar do apelido pejorativo.

No Mundial seguinte, na Rússia, em 2018, Gabriel Jesus, até então prestigiado na seleção, virou Gabriel “Jejum”, pecha que levou por ter se despedido do torneio sem gols, tornando-se o primeiro centroavante titular do time nacional a passar em branco em Copas desde 1974.

“Na última Copa, a gente viu o esforço do Gabriel Jesus. A cobrança vem porque é o camisa 9, que tem que marcar gols. Levo isso naturalmente”, afirmou Richarlison. O “Pombo”, como é apelidado, tem Jesus como concorrente. Ele ganhou a disputa pela titularidade sobretudo na reta final das Eliminatórias. Nos últimos seis jogos, contando os amistosos, foram seis bolas na rede.

No Catar, o atleta do Tottenham, embora esteja ansioso antes de seu primeiro jogo de Copa, diz já estar ambientado depois de conhecer o Estádio Lusail, palco da estreia contra a sérvia. “Já fiz um gol. Tinha uma bola lá e fiz um gol”, disse ele, aos risos.

O penteado não será o “antizica”, com o desenho de uma folha de arruda na lateral, que havia adotado em parceria com um patrocinador. Ele não abrirá mão do corte Zeca Urubu, personagem do pica-pau. “É o corte do gol”.

CAMISA 9 EM COPAS

Historicamente, o Brasil se acostumou a ter centroavantes decisivos, matadores, artilheiros. Em 1978, teve Reinaldo e Roberto Dinamite. No time estrelado de 1982, Serginho Chulapa fazia a função. Em 1986, o Brasil caiu para a França nas quartas de final, mas viu Careca ser o vice-artilheiro do torneio, com cinco gols, atrás apenas do inglês Gary Lineker. Quatro anos mais tarde, Careca foi novamente o homem de área, mas sem tanto brilho desta vez, com duas bolas na rede.

Em 1994, Romário não vestia 9. Com a 11 nas costas, ele e Bebeto, os verdadeiros goleadores do Brasil, assumiram o protagonismo e conduziram a seleção à conquista do tetracampeonato. Romário foi o vice-artilheiro da competição, com cinco gols.

RONALDO

Quando se fala em camisa 9 em Copas é automático lembrar de Ronaldo Fenômeno, maior artilheiro da seleção na história das Copas, com 15, e o segundo maior goleador no geral, atrás do alemão Miroslav Klose. Foi ele, com uma história de superação jamais vista, que liderou o Brasil na conquista do penta, quatro depois de também brilhar em 1998, mas passou em branco na final contra a França, atrapalhado por uma convulsão que sofreu horas antes da partida.

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