No centro de Doha, pouco futebol e muitas selfies marcam a abertura da Copa
O Estadão esteve na Orla de Corniche e no Souk Wakif enquanto a seleção catari enfrentava o Equador no estádio Al-Bayt, em Al-Kohr
E o que se viu foi um bom número de pessoas circulando, mas era possível caminhar tranquilamente, e muitas dificuldades para se assistir ao jogo inaugural do torneio
Campinas, SP, 20 – No centro de Doha, nem parecia que o anfitrião Catar fazia sua estreia em Copas do Mundo. O Estadão esteve na Orla de Corniche e no Souk Wakif enquanto a seleção catari enfrentava o Equador no estádio Al-Bayt, em Al-Kohr. E o que se viu foi um bom número de pessoas circulando, mas era possível caminhar tranquilamente, e muitas dificuldades para se assistir ao jogo inaugural do torneio.
Em todo mercado da capital, apenas um restaurante exibia a partida, e os dois televisores eram disputados tanto pelos clientes, que enchiam as mesas, quanto um grupo que se aglomerava em volta para tentar espiar algum lance e driblar os seguranças que tentavam manter as pessoas que não estavam lá dentro afastadas do estabelecimento. O outro dos três televisores em todo Souk ligados na estreia estava dentro de um centro de hospitalidade catari, e era preciso ser convidado a se sentar com os locais. Do lado de fora, alguns imigrantes da Ásia assistiam pela janela.
Os amigos cataris Eled, Brahim e Khalid aproveitaram a estreia da seleção nacional e se reuniram em um dos restaurantes do mercado para ver o jogo pelo celular, cena que foi vista em algumas mesas pela região. Era fim do primeiro tempo, o placar marcava 2 a 0 a favor do Equador e eles não pareciam muito interessados na situação do time e sim, em interagir com os turistas que passavam e perguntar de onde eram de acordo com os uniformes que traziam. Perguntado sobre o que esperava do Catar na Copa, Eled sorriu e disse que não pode esperar muito, que as outras equipes são muito fortes, mas que está gostando de receber tanta gente de fora do país.
Na casa de hospitalidade, o clima era mais apreensivo e os cataris presentes tinham um semblante mais sério. A decoração do local estava repleta de fotos e imagens do emir, Tamin bin Hamad al-Thani e do xeique do País, Hamad bin Khalifa, além de outros membros da família real catari.
FESTIVAL DA SELFIE
Já na Corniche, havia um clima familiar, com famílias sentadas em mesas e fazendo refeições. O domingo no Brasil é segunda-feira nos países islâmicos e foi decretado feriado no Catar por conta da abertura, como uma forma de aliviar o fluxo no transporte público e evitar que os locais tirassem os carros da garagem para trabalhar.
Para assistir ao jogo lá, ou ao menos ver algo dele, era preciso se espremer em uma multidão que se formou para acompanhar a abertura no único telão disponível, montado no espaço reservado às nações britânicas que estão na Copa, Gales e Inglaterra. Há um enorme telão ao lado do Porto de Doha que, ao invés de transmitir Catar x Equador, exibia propagandas do governo e dos museus do país.
As pessoas caminhavam pela orla e não parecia haver o jogo inaugural de um evento global como a Copa do Mundo é. O que se via era um festival de selfies. Muitos registros pelo celular e pouco futebol.
Elcio Padovez, especial para AE
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