Rebaixamento do Ceará: Mero acaso ou previsível?
A derrota por 2 a 0 para o Avaí na 37ª rodada cravou a queda do alvinegro
O Ceará Sporting Club está na Série B do Brasileiro de 2023
Fortaleza, CE, 10 (AFI) – O Ceará Sporting Club está na Série B do Brasileiro de 2023. E o último capítulo de um ano que ficará marcado como de grandes decepções para o torcedor alvinegro é domingo, às 16h, diante do também rebaixado Juventude.
De forma melancólica, será sem público no seu principal palco: a Arena Castelão, estádio que já recebeu em jornadas anteriores e memoráveis grandes partidas do Vozão, com lotação quase total. O fato é que nenhum rebaixamento ou queda, no futebol, isso em todo o “planeta bola” ocorre por mero acaso.
A campanha ruim no Brasileiro – apenas 30,6% de aproveitamento, 34 pontos em 37 jogos, apenas seis vitórias, 16 empates e 15 derrotas, 30 gols marcados e 40 sofridos, foi o desfecho de um ano de muitos problemas no alvinegro de Porangabuçu.
Foram duas eliminações no primeiro semestre. No Campeonato Cearense, por conta do “benevolente” regulamento, com os dois grandes – não jogou a cansativa primeira fase e suas 14 rodada -, o Ceará entrou nas quartas. E foi eliminado pelo Iguatu (2×1 e 0x1), nos penais. E ainda viu orival Fortaleza ser campeão.
Na badalada “Lampions League”, (Copa do Nordeste), a história se repetiu. Embora fazendo uma boa primeira fase e terminando em primeiro no seu grupo com 18 pontos em oito jogos, nova decepção alvinegra nas quartas, sendo eliminado pelo CRB, depois de empate por 0 a 0 e derrota nos penais, 4 a 3. Sem contar que ainda teve de acompanhar o rival, Leão faturar outro título, desta feita contra o Sport (1 a 1 e 1 a 0).
E na Copa do Brasil? Nova tristeza para o torcedor alvinegro. Após vencer nas fases iniciais, São Raimundo-RR (3×0), Tuna Luso (2×0), Tombense (duplo 2×0), o Vozão reencontrou o eterno rival, o Fortaleza nas oitavas. Era a chance de se redimir dos fracassos no estadual e Copa do Nordeste. Mero engano. Com o Castelão lotado nas duas partidas, o Ceará perdeu o primeiro jogo por 2 a 0 e mesmo vencendo o segundo por 1 a 0,viu o Leão avancar e ir às quartas, quando foi eliminado pelo Fluminense.
Mas teve a Copa Sul Americana, onde o Ceará fez uma ótima campanha com dez jogos, nove vitórias e apenas uma derrota. O alvinegro fez uma estupenda primeira fase, com 18 pontos em seis jogos, 17 gols pró e apenas um contra; “atropelou” o The Strongest, da Bolívia nas oitavas (2 a 1 e 3 a 0). No entanto, nas quartas, mediu forças com o São Paulo (que seria o vice-campeão, derrotado nas finais pelo Independiente Del Vale). E o Vozão fez o que pôde. Depois de perder por 1 a 0 a ida, venceu a volta por 2 a 1, mas perdeu nos penais, por 4 a 2 e ficou de fora da competição sul americana.
Esse intenso calendário de jogos por certo desgastou o Ceará no primeiro semestre. E alguns acreditam que pelo fato do time não ter tido um elenco para as competições, pode ter gerado reflexos no Brasileirão principalmente na reta final. No primeiro turno o Ceará fechou na 12ª posição com 24 pontos em 19 jogos, cinco vitórias, nove empates e cinco derrotas.
No returno, Ceará se segurou fora do Z4 até a rodada 33, mas na seguinte, dia 26 de outubro, quando perdeu para o Inter por 1 a 0, foi para a zona de rebaixamento e de lá não saiu mais nas quatro rodadas seguintes, culminando com o revés nesta noite de quinta-feira para o Avaí na Ressacada, que selou seu rebaixamento com (antes da última rodada), 30,6% de aproveitamento, 34 pontos em 37 jogos, apenas seis vitórias, 16 empates e 15 derrotas, 30 gols marcados e 40 sofridos. Lembrando que o Ceará não vence a 11 jogos.
“ROSÁRIO” DE TREINADORES
Outro fato que chamou a atenção desde 2020, até esse final de 2022 é a rotatividade de treinadores que passaram pelo clube. Nos últimos dois anos, com Lucho Gonzalez e o interino Juca Antonello, passaram pelo clube nada menos que sete técnicos. Enderson Moreira assumiu em 10 de fevereiro na vaga de Argel Fucks, foi para o Cruzeiro e fez dez jogos com jogos, seis vitórias, quatro empates, 22 pontos e 73,3% de aproveitamento.
Em 17 de março de 2020, assumiu Guto Ferreira que foi bem e ficou até 29 de agosto de 2021, e após um ano e cinco meses comandou o Ceará 94 jogos com 41 vitórias, 30 empates e 23 derrotas, com 153 pontos ganhos de 282 disputados e 54,2%. Guto levou o Vozão ao título da Copa do Nordeste de 2020, e em seguida nas quartas de finais da Copa do Brasil, foi vice-campeão cearense e da Copa do Nordeste.
Para o lugar de Guto, foi chamado Tiago Nunes em 30 de agosto de 2021, e ficou sete meses; saiu em 25 de março de 2022, após a eliminação parfao CRB na Copa do Nordeste. Obteve em 32 jogos, 14 vitórias, 11 empates e sete derrotas, 53 pontos ganhos e 55,2% de aproveitamento. Chegou para seu lugar em 28 de março de 2022, Dorival Júnior que comandou o time alvinegro 28 vezes: 11 vitórias, quatro empates e três derrotas e um alto aproveitamento de 68,51%, destaque para a Copa Sul Americana e Copa do Brasil e acabou indopara Flamengo.
O quinto treinador foi Marquinhos Santos, contratado em 12 de junho para a vaga de Dorival Júnior. Ficou dois meses e saiu 14 de agostos após 17 jogos, com seis vitórias cinco empates e seis derrotas, e ainda 45% de aproveitamento, e 23 pontos de 51 possíveis. Sob seu comando o time foi eliminado pelo Fortaleza na Copa do Brasil e nos penais pelo São Paulo na Sul Americana.
O argentino Lucho Gonzalez assumiu, mas ficou pouco tempo também. Saiu 28 de outubro com dez jogos, uma vitória, cinco derrotas e quatro empates (oito pontos), e um aproveitamento de 23,3%. E nos últimos jogos deste ano, assumiu interino Juca Antonello, que comandou o time quatro jogos: 0x1 Fluminense, 0X1 Corinthians e 0x2 Avaí.
BRIGA NO CASTELÃO
Mas o ano acabou sendo ruim para o Ceará fora de campo também. Dia 16 de agosto, vários torcedores alvinegros protagonizaram cenas lamentáveis no Castelão, na partida entre Ceará e Cuiabá. Uma confusão que começou nas arquibancadas – levou o encerramento do jogo por falta de segurança – e terminou no gramado onde torcedores que estavam no anel inferior entraram no campo para se proteger da confusão. Teve invasão do gramado e alguns torcedores feridos. O Ceará foi julgado, teve de pagar uma multa pesada de 100 mil e jogar com o Castelão sem torcida seis partidas, como será domingo contra o Juventude.
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