A diferença no dérbi: Ponte Preta tem 'gás' para todo jogo, o Guarani não.
Após equilíbrio no 1.º tempo, o Guarani 'morreu' no segundo e a Ponte Preta dominou o Dérbi 204 e mereceu vencer. Dos Anjos acertou, Mozart se equivocou.
Ponte Preta 'vendeu saúde', o suficiente para ganhar rebotes, chegar mais inteira nas divididas, e para explorar espaços do adversário
Campinas, SP, 20 (AFI) – Entrevistado após o Guarani ter sido derrotado pela Ponte Preta por 1 a 0, na manhã/tarde deste sábado, no Estádio Moisés Lucarelli, o goleiro Kozlinski lamentou o seu time não ter mantido, no segundo tempo, a intensidade mostrada até o intervalo deste Dérbi 204.
Pois é, Kozlinski. Eis aí uma fácil resposta para espelhar o sucesso da Ponte Preta neste confronto entre rivais campineiros.
Dia 11 passado, quando do empate bugrino contra o Criciúma por 1 a 1, no interior catarinense, publiquei texto com citação que o Guarani não consegue manter intensidade nos dois tempos de jogo, e isso ficou bem evidenciado naquela partida, com repetição parcial até diante do modestíssimo Náutico.
Naquela mesma postagem, justifiquei que a Ponte Preta é uma das raras equipes desta Série B do Brasileiro que consegue manter intensidade durante todo jogo, se valendo da juventude de metade dos titulares, aliada a outros atletas que se enquadram à proposta da comissão técnica de entrega total para condicionamento físico adequado.
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DESIGUALDADE FÍSICA
Pois quando o Guarani ‘morreu em campo’ fisicamente, a partir da metade do segundo tempo deste dérbi, o time da Ponte Preta ‘vendeu saúde’, o suficiente para ganhar rebotes, chegar mais inteira nas divididas, e para explorar espaços deixados pelo adversário, para ameaçar.
Isso pode ser realçado em dois exemplos: o primeiro aos 24 minutos quando o lateral-esquerdo Artur teve incrível liberdade para avançar com a bola e, nas proximidades da área, com chance de finalizar, se complicou na jogada.
Situação semelhante ocorreu aos 35 minutos, quando o meia-atacante Fessin explorou descuido do lateral-esquerdo Jamerson e volante Rodrigo Andrade, para ‘roubar’ a bola, se infiltrar na diagonal, sem que fosse incomodado, até arriscar chute certeiro, de canhota, no canto direito alto do goleiro Kozlinski: Ponte Preta 1 a 0.
O volume ofensivo da Ponte Preta naquela altura era substancialmente superior ao desgastado Guarani, que nas substituições não conseguiu ter ganho pelas limitações daqueles que entraram, exceto o boliviano Bruno Miranda, que precisa ser mais bem observado.
Essa discrepância física do Guarani para o Ponte Preta já seria mais de que suficiente para que o seu treinador Mozart Santos não expusesse a sua equipe à mesma intensidade que o adversário, durante o primeiro.
Isso só teria validade se o Guarani construísse o resultado e, com a devida dosagem no transcorrer da partida, pudesse manter o ‘gás’ para nivelação física. Outro dia o meu Editor, Élcio Paiola, já tinha me falado muito bem sobre Anderson Nicolau, preparador físico da Ponte Preta. Realmente a Macaca está voando.
GIOVANNI AUGUSTO
Até que o meia Giovanni Augusto procurou construir jogadas, mas sem objetividade dos atacantes o time havia se restringido a dois lances ofensivos de cabeça, em bolas defensáveis pelo goleiro Caíque França, através do volante Madison e lateral-direito Lucas Ramon.
Isso até que Ramon deixasse o volante Rodrigo Andrade na ‘cara do gol’, aos 48 minutos do segundo tempo, mas uma defesa impressionante de Caíque França serviu para evitar o empate, que seria resultado injusto para uma Ponte Preta ajustada na maioria dos setores, exceto o miolo de zaga que cometeu vacilos que poderiam ter sido comprometedores.
HÉLIO DOS ANJOS
Enquanto Mozart Santos, treinador bugrino, fez uso de estratégia equivocada para o contexto, cabe enumerar os acertos do comandante Hélio dos Anjos, da Ponte Preta, desde a montagem da equipe até as substituições.
Quando perdeu o volante Léo Naldi, por lesão, aos 36 minutos do primeiro tempo, o substituto foi Rithely, para que não houvesse mudança na distribuição tática.
Embora Rithely tivesse sido advertido com cartão amarelo, Dos Anjos ousou substituí-lo aos 20 minutos do segundo tempo porque enxergou mais ganho de intensidade ao colocar o atacante Nicolas pelo lado esquerdo, porque teve a percepção que o risco de o Guarani ameaçá-lo era calculado, podendo, naquela altura, contar apenas com dois volantes.
Naquela mesma ocasião, Dos Anjos procedeu outra sábia alteração, ao sacar Igor Formiga e apostar no trabalho de conjunto de Norberto.
Foram mexidas que fizeram a Ponte colocar pressão sobre o Guarani, que soube resistir devido à aceitável postura defensiva da equipe, tanto que o goleiro Kozlinski nem era exigido.
Todavia, quem se aproxima da área adversária, como ocorria com a Ponte, a possibilidade de finalização é maior, e ela foi decisiva na canhota de Fessin.
JOGO PICOTADO
No mais, pra não fugir à regra de dérbi, mais um daqueles jogos picotadíssimos, com excesso de faltas de ambos os lados, algumas com exagero, como ocorreu com o volante Richard Rios, do Guarani, expulso ao atingir o também volante Moisés Ribeiro com cotovelada, aos 38 minutos do segundo tempo.
E a festa dos pontepretanos não poderia ter sido melhor, com o público de 15.095 pagantes, que somados aos não pagantes atingiu 16.850, e enfrentando horário impróprio para jogo de futebol e no imenso frio que fez em Campinas.
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