Mais da metade dos times deve virar SAF até o fim de 2023, diz analista
"Existem ciclos de SAF, talvez nós estamos no primeiro ciclo aqui no Brasil, com clubes em maior necessidade de fazer essa transformação"
Rio de Janeiro, RJ, 15 – Vista como uma das soluções para reestruturação e recuperação de alguns clubes brasileiros, o modelo de Sociedade Anônima do Futebol ainda deve demorar um pouco para se tornar predominante no Brasil. A avaliação é de Pedro Daniel, executivo da EY (Ernst & Young) e conhecedor do tema. Segundo ele, o País vive o primeiro ciclo das SAFs, com equipes que tiveram de modificar sua gestão por causa da crise, como Botafogo, Cruzeiro e Vasco.
“Existem ciclos de SAF, talvez nós estamos no primeiro ciclo aqui no Brasil, com clubes em maior necessidade de fazer essa transformação, mas acredito que não só o modelo veio para ficar, como ele já vem sendo aperfeiçoado. Acho que, em um curto espaço de tempo, mais da metade dos clubes do Brasil sejam convertidos (para SAF) até o fim do ano que vem”, afirmou Pedro Daniel, em participação no podcast Além das 4 Linhas, promovido pelo canal da Brasil Futebol Expo no YouTube.
O tema será um dos assuntos abordados na segunda edição da Brasil Futebol Expo, o maior evento da América Latina em educação, negócios, experiências e inovações, que acontece entre os dias 4 e 8 de setembro, no Pro Magno Centro de Eventos, em São Paulo. “Apesar de ser uma discussão nova no Brasil, que estamos falando sobre clube-empresa como se fosse uma grande novidade, isso é uma questão óbvia em mercados mais desenvolvidos. Se formos para o mercado europeu, por exemplo, nas cinco principais ligas do mundo, mais de 90% dos clubes são empresa. Então, enquanto estamos discutindo se funciona mudar o modelo ou não, isso está testado há décadas (na Europa)”, acrescentou o executivo da EY.
Fundador da empresa Win The Game, Claudio Pracownik, também participou do podcast Além das 4 Linhas com Pedro Daniel. Ele está entre os convidados para o painel sobre SAF na Brasil Futebol Expo, que também vai contar com o advogado empresarial especializado em estruturação de dívidas e capital, Jean Cioffi, e o executivo da XP Investimentos, Guilherme Ávila.
“A SAF é um meio, não um fim. Os clubes que não se organizarem, que não implementarem governança, que não profissionalizarem sua gestão, vão morrer. Uma vez que eles fazem isso, eles podem definir qual modelo seguir. Associativo? Como o Pedro falou, 90% dos clubes nos mercados consolidados são sociedades anônimas, mas você tem Barcelona e Real Madrid que têm desempenho esportivo maravilhoso e desempenho financeiro também. Barcelona agora está em estado de recuperação, mas isso faz parte da vida de qualquer empresa. Quantas empresas saudáveis já não quebraram?”, pondera o empresário.
Ele acredita, porém, que o processo para um clube virar uma SAF precisa ser feito com calma, respeitando diversos fatores. “Virar uma empresa não quer dizer que você vai se manter como uma empresa saudável. A SAF é um meio. Essa corrida, esse pote de ouro de que todo mundo tem de virar SAF tem trazido uma série de preocupações e temos debatido muito isso”, acrescentou Pracownik.
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