Wallisson, da Ponte Preta, pode ser mais bem explorado

O volante pontepretano poderia ser explorado no cabeceio além da bola parada. Algo que, certamente, o técnico Hélio dos Anjos, já deve estar trabalhando

Quem diria que hoje seria possível discutir alternativas para melhor encaixe de jogadores na equipe pontepretana? Mas dá sim senhor.

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Wallisson é destaque na Macaca. Foto: Diego Almeida - AAPP

Campinas, SP, 31 (AFI) – Se algumas rodadas antes do encerramento do primeiro turno desta Série B do Campeonato Brasileiro, a discussão sobre Ponte Preta girava basicamente em como escapar das últimas posições, os seis pontos conquistados, dos nove em disputa ultimamente, serviram para dar uma oxigenada ao clube na classificação, abrindo-se perspectiva de um segundo turno com solidez.

Quem diria que hoje seria possível discutir alternativas para melhor encaixe de jogadores na equipe pontepretana?

A grata surpresa tem sido o volante Wallisson, que soube aproveitar a chance na equipe a partir da lesão de Ramon Carvalho, para se juntar a Felipe Albuquerque e Léo Naldi, da mesma função.

Na prática, Wallisson, 24 anos de idade, tem mostrado mais de que aspectos competitivos de volantes que desarmam e picotam jogadas de adversários com faltas até duras. Por vezes procura ser condutor de bola, mas o que ninguém contava é postura de cabeceador, explorando 1,84m de altura e impulsão.

Nos três últimos jogos da Ponte Preta ele marcou dois gols de cabeça – contra Grêmio e Operário – e na vitória diante do Náutico fez a bola explodir no travessão, após cabeceio.

De acordo com o site ‘ogol.com.br, foram os dois primeiros gols na carreira dele, após passagens por Portuguesa Carioca, Volta Redonda e Democrata, entre outros.

HOMEM DE CHEGADA

Se o citado aproveitamento em jogada aérea ocorre nas bolas paradas, por que não o implemento com bola rolando?

Claro que, no caso, leva-se em conta a carência de atacantes cabeceadores no time pontepretano, numa competição em que incontáveis vezes a bola ‘viaja’ na área, nos chamados chuveirinhos.

Evidente que seria um risco a tentativa de adaptação dele como centroavante, até porque a posição requer que o atleta tenha cacoete para jogar de costas, o que não é o caso.

Cabe ao treinador Hélio dos Anjos refletir como aproveitá-lo como homem de ‘chegada surpresa’, na tentativa de cabeceio, quando laterais e atacantes de beiradas insistem nos chuveirinhos.

Guardadas as devidas proporções – e não interpretem de maneira diferente -, Wallisson poderia estar para a Ponte, como homem surpresa, assim como esteve o volante Paulinho para o Corinthians, na primeira passagem dele pelo clube.

O diferencial é que Paulinho chegava de trás pra completar passe no chão, enquanto Wallisson deve ser pelo alto, em jogadas planejadas.

No Corinthians, na era treinador Tite, quando Paulinho avançava, havia a natural retração de um dos laterais, de forma preventiva, considerando-se a hipótese de o adversário interceptar as jogadas e provocar contra-ataques.

Logo, o mesmo pode ser aplicado pela Ponte Preta.

Claro que isso demanda sequência de treinamentos, mas se a alternativa for plausível, por que não aproveitá-la?

CILINHO E MARCÃO

O saudoso treinador Cilinho até radicalizava quando tinha percepção de melhor aproveitamento de jogador em função diferente da original.

Também saudoso, o atacante Marcão iniciou a carreira como zagueiro, na Ponte Preta, em meados da década de 70.

Ao reencontrá-lo no XV de Jaú, no final daquela mesma década, Cilinho mudou radicalmente a posição dele para centroavante.

Qual a justificativa?

Se Marcão era lento para a função de zagueiro, como centroavante poderia ser explorado com 2,03m de altura.

E no cabeceio a carreira dele prosperou na Ferroviária e São Paulo.

PAULO LEÃO E NENÊ SANTANA

Em 1978, após o desligamento do saudoso treinador Oswaldo Brandão da Ponte Preta, num 11 de outubro, no empate com o América por 1 a 1, gol de Dicá, em Campinas, o comando da equipe foi entregue interinamente ao já falecido Paulo Leão, que treinava os juniores.

Quis o destino que no jogo da volta contra o América, em São José do Rio Preto, Paulo Leão improvisasse o quarto-zagueiro Nenê Santana como centroavante, com finalidade de explorar a técnica refinada de seu jogador.

Não deu certo. A Ponte perdeu aquele jogo por 2 a 1, com Oscar e Juninho formando a dupla de zaga, e a experiência já não foi repetida.

Detalhe: naquele 1978, no Estádio Moisés Lucarelli contra o América, o público pagante foi de 8.503 e foram contados 1.293 menores que entraram gratuitamente.

Pois hoje, mesmo com promoção, a Ponte sequer atinge aquela marca.


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