Libertadores: Abel e Renato tentam repetir feito alcançado por 4 técnicos de clubes brasileiros
Até o momento apenas Lula, Telê Santana, Paulo Autuori e Luiz Felipe Scolari tem dois títulos da Libertadores no currículo
São Paulo, SP, 25 – Abel Ferreira e Renato Gaúcho estão na iminência de entrar para um restrito grupo: o de treinadores bicampeões continentais por clubes brasileiros. O comandante do Palmeiras ou o do Flamengo vai ganhar a Libertadores pela segunda vez e repetirá a façanha de outros quatro técnicos: Lula, Telê Santana, Paulo Autuori e Luiz Felipe Scolari.
Se for campeão, Abel se iguala a Lula e Telê no número de títulos continentais e também no fato de conquistá-los pela mesma equipe e de maneira consecutiva. Luís Alonso Pérez, o Lula, conduziu o Santos às conquistas da Libertadores em 1962 e 1963. Foi responsável por treinar um esquadrão liderado por Pelé na década de 60.
Três décadas depois, Telê repetiu a façanha ao vencer as edições de 1992 e 1993 pelo São Paulo. Mas depois perdeu a chance de ser o único técnico brasileiro tricampeão da América no ano seguinte, ao ver a equipe do Morumbi ficar pelo caminho na decisão diante do Vélez Sarsfield, da Argentina.
Felipão esteve perto de ser bicampeão consecutivo da Libertadores por um mesmo clube, mas não conseguiu. Ele ganhou o torneio em 1999 pelo Palmeiras, entretanto, no ano seguinte, a taça escapou depois que o time perdeu a disputa de pênaltis para o Boca Juniors. Foi a primeira conquista do Palmeiras na competição sul-americana. O veterano treinador gaúcho já havia, porém, faturado o torneio anteriormente, em 1995, pelo Grêmio. Ele foi considerado por muito tempo especialista nos jogos de Copas, de mata-mata, e comandou times que aliavam disciplina tática e talento.
Paulo Autuori, hoje na função de executivo do Athletico-PR, recém-campeão da Sul-Americana, é outro a conseguir duas taças do torneio mais importante da América do Sul. A primeira veio em 1997, à frente do Cruzeiro. Oito anos mais tarde, em 2005, foi campeão pelo São Paulo.
GERAÇÃO PORTUGUESA X GAÚCHA
Embora ainda não tenha vencido o Flamengo – foram três derrotas e um empate -, Abel Ferreira já derrotou Renato Gaúcho em uma final de campeonato. Em fevereiro, os dois se encontraram na decisão da Copa do Brasil, na qual o Palmeiras levou a melhor sobre o Grêmio. Menos de um ano depois, a escola portuguesa e gaúcha de técnicos estão em lados opostos mais uma vez.
O bom trabalho dos portugueses é uma das sensações recentes do futebol brasileiro. Jorge Jesus e Abel Ferreira foram os dois últimos campeões da Libertadores. O pequeno país europeu é bem-sucedido quando o assunto é a formação de treinadores importantes, como José Mourinho, Nuno Espírito Santo e tantos outros profissionais.
“A nossa formação é boa. Os técnicos são muito empenhados. Gostam do que fazem, têm prazer. São dispostos a ouvir o jogador e estudar as equipes”, diz ao Estadão José Pereira, presidente da Associação Nacional dos Treinadores de Futebol de Portugal (ANTF). Organizada com a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), a ANTF ministra um curso de técnicos tão reconhecido a ponto de parte do seu currículo ser utilizado como referência pela Uefa para aplicação em outros países. São mais de 12 mil profissionais licenciados em terras lusitanas.
“A grande competência dos técnicos portugueses está na ideia de jogo, que é aprimorada nos treinos”, explica Pereira. Ele acompanha o trabalho de Abel no Palmeiras e entende que a coragem é o principal atributo do comandante palmeirense. “É até teimoso com suas ideias e as defende até a morte”.
Abel divide os méritos com os atletas e membros de sua comissão técnica. Gosta de dizer que, no Palmeiras, “todos somos um”. “Em Portugal, nós compartilhamos conhecimento e experiência, e cada um faz o seu caminho. Acima de tudo, (o meu trabalho) foi indicar um caminho e, de uma forma simples, foram construindo uma forma de jogar coletivamente”, disse o comandante em entrevista recente.
O Rio Grande do Sul, Estado de onde saíram campeões como Luiz Felipe Scolari, Tite, Mano Menezes, Tiago Nunes e Renato Gaúcho, não vê mais tantos “filhos” seus em alta no mercado como antes. Ainda sim, tem um representante no comando da seleção brasileira e outro em busca do segundo título continental neste sábado.
Natural de Guaporé, pequeno município de 25 mil habitantes na serra gaúcha, Renato colecionou títulos à beira do gramado pelo Grêmio. Foi pelo trabalho à frente do time tricolor que seu nome foi especulado na seleção. O treinador marrento e irreverente ganhou a Copa do Brasil (2016), a Libertadores, (2017), a Recopa (2018) e o tricampeonato Estadual (2018, 2019 e 2020). Agora, quer ser campeão com o Flamengo, outro clube com o qual tem identificação.