Presidente interino da CBF, Ednaldo Rodrigues busca 'limpar' o nome da entidade
Rodrigues foi selecionado pelo Conselho de Administração da CBF e tem apoio de dirigentes das 27 federações estaduais. "Vamos tentar com a vontade de Deus e dos Orixás", disse o dirigente pouco depois do anúncio da punição de Caboclo
Rio de Janeiro, RJ, 30 – Após Rogério Caboclo ter a suspensão de 21 meses confirmada na CBF, o comando da principal entidade do futebol brasileira continua nas mãos de Ednaldo Rodrigues. Ele, que era um dos oito vice-presidentes, está à frente da confederação desde 27 de agosto, quando assumiu o lugar de Coronel Nunes. Seu período de mandato, porém, ainda não foi definido. Rodrigues foi selecionado pelo Conselho de Administração da CBF e tem apoio de dirigentes das 27 federações estaduais. “Vamos tentar com a vontade de Deus e dos Orixás”, disse o dirigente pouco depois do anúncio da punição de Caboclo.
Além de possuir grande reputação nas regiões Norte e Nordeste, o cartola é considerado o nome certo para colocar o caso Caboclo no passado, já que não possui relação próxima nem com ele nem com Marco Polo Del Nero, ex-presidente da CBF banido pela Fifa em 2018 por violar diversos artigos do Código de Ética da entidade. No começo do mês, a Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) reduziu a pena de Del Nero, trocando o banimento definitivo por uma suspensão de 20 anos.
Há dois anos, Rodrigues deixou o cargo de presidente da Federação Baiana de Futebol, posição que ocupava desde 2001. Um ponto negativo em seu histórico é a aliança com Ricardo Teixeira, ex-mandatário da CBF que renunciou em março de 2012 após vários escândalos de corrupção durante os 23 anos de gestão. Há pouco mais de duas semanas, Teixeira teve o apelo rejeitado no mesmo CAS e continua banido do futebol por toda a vida.
No entanto, o trabalho que fez em prol do futebol feminino e na reestruturação das categorias de base no estado da Bahia contam a favor do sétimo presidente da CBF em dez anos. A relação de Rodrigues com os clubes baianos, no entanto, nem sempre foi das melhores. Embora tenha ganhado a confiança de ligas do interior e de algumas equipes da região, a falta de premiação ao campeão baiano durante boa parte de seu mandato prejudicaram sua imagem e causaram pedidos de saída.
Em duas oportunidades, ele esteve junto da seleção brasileira como chefe da delegação. A primeira foi em 2013, em amistoso contra a Inglaterra, em Londres. Quatro anos mais tarde, acompanhou a equipe nos amistosos contra Japão e, novamente, Inglaterra. Como forma de agradecer suas contribuições ao futebol baiano, a Assembleia Legislativa da Bahia homenageou Rodrigues em 2019 com a Comenda Dois de Julho, maior condecoração do Legislativo destinada a personalidades que prestaram serviços ao Estado.
Ao assumir, o dirigente prometeu mudanças nas práticas da CBF para evitar novos casos de assédio. “A partir de agora, nós vamos trabalhar, com os nossos colegas vice-presidentes, e ouvindo todas as federações, no sentido de adotarmos práticas que sejam sempre de combate a qualquer tipo de assédio ou discriminação”, disse.
“Qualquer tipo de violência tem de ser combatida, principalmente a violência e discriminação que existe contra a mulher, em todos os segmentos, seja no futebol, seja na indústria, no comércio, na imprensa. Acho que a CBF demonstra neste momento, nesta decisão histórica e por unanimidade, de 27 presidentes de federações, que nesta casa não pode mais acontecer esse tipo de situação”, apontou.
Rodrigues entende que o retrospecto de presidentes da entidade é dos piores. Dos sete mandatários que estiveram no poder nos últimos 10 anos, excluindo dois interinos, quatro se envolveram nos mais diversos desvios de conduta. Conspiração, recebimento de propina e assédio são algumas das infrações. “É lógico que todos também ficam pensando: ‘será que vai acontecer’ (outro tipo de desvio de conduta)? A gente tem de ser realista e provar o contrário, com atitudes, com trabalho, com profissionalismo, e acima de tudo, com lisura e ética, para esse tipo de crime que aconteceu não volte a acontecer”, afirmou.
O dirigente preferiu não dizer se pretende concorrer nas próximas eleições da CBF. A suspensão de Caboclo vai até março de 2023, e seu mandato termina em abril. Há ainda a possibilidade da escolha do próximo mandatário ser adiantada. De qualquer forma, Rodrigues adota um tom de cautela e diz que lidará com as questões da entidade “degrau por degrau”.
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