Conselheiros se revoltam contra exclusão do quadro associativo da Ponte Preta

Medida tomada por Tagino Santos gerou críticas e sobram acusações de gestão temerária

Exclusão sumária de conselheiros gera revolta entre os pontepretanos

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Tagino e medida polêmica

Campinas, SP,3 (AFI) – Revolta e inconformismo. É o que causou, para dezenas de conselheiros da Ponte Preta, a medida tomada pelo presidente do Conselho Deliberativo, Tagino Santos, de excluir conselheiros, supostamente, em atraso com suas contribuições com o clube.


“Estão tratando a Ponte Preta como o quintal de casa. É mais um exemplo da gestão temerária que faz este senhor (Tagino Santos) à frente do conselho” – diz em tom inconformado Eduardo Lacerda Fernandes, um dos prejudicados. ele vai recorrer à Justiça, como também outros conselheiros.


SÓ DA DNA PONTEPRETANO
Não há um número exato, mas perto de 100 conselheiros, de um total inferior a mil, foram excluídos do quadro associativo, inclusive conselheiros eleitos e natos – aqueles que já prestaram relevantes serviços ao clube.


E a medida parece casuística, uma vez que a maioria destes excluídos faria parte da chapa DNA Pontepretano, que pretende concorrer às eleições no final do ano. É do mesmo grupo do presidente de honra do clube, Sérgio Carnielli.

Eduardo Fernandes Lacerda, um dos líderes do grupo DNA Pontepretano, é apontado como um dos possíveis candidatos à presidência. Nesta sexta-feira ele manifestou sua inconformidade com um comunicado distribuído à imprensa de Campinas. Veja abaixo a manifestação na íntegra.


Atentado contra a democracia pontepretana
Moysés Lucarelli, um gigante na história da Ponte Preta, com a experiência de quem teve posição atuante na política do clube por décadas, dizia que o “maior mal da Ponte Preta é a vaidade”.


Um roteiro indesejável que, mais uma vez, ganha destaque no dia a dia do clube, hoje tomado por uma gestão vaidosa, com um falacioso discurso democrático, absolutamente incompatível com suas atitudes, que atentam contra o estatuto do clube, os princípios constitucionais de ampla defesa e contraditório e, em especial, a democracia pontepretana.


Meu nome é Eduardo Lacerda Fernandes, tenho 51 anos e sou conselheiro contribuinte da Ponte Preta há 26 anos (desde 1995). Neste período, além de pagar em dia todos os boletos recebidos, participei ativamente da diretoria do clube entre 2014 e março/2017, quando atuei como diretor de Marketing, época em que assinamos os dois maiores patrocínios da história do clube – Brasil Kirin e Caixa –, além de termos trazido para o clube o apoio de parceiros de renome internacional, como Adidas e Pilot Pen.

Desde 2019, tenho atuado de forma voluntária como coordenador do projeto da Arena Ponte Preta. Talvez esses tenham sido os “crimes” cometidos contra o clube na visão dos atuais mandatários da instituição. Afinal, estou sendo tratado de uma forma absolutamente incompatível com os serviços prestados ao clube que amo.

Triste e revoltante constatar que esta não é uma situação que atinge apenas a minha figura, mas dezenas de conselheiros e coloca em xeque os sonhos de todos aqueles que desejam e lutam pela construção de uma Ponte Preta verdadeiramente gigante.

Vamos ao ponto: no último dia 26/8/2021, me dirigi ao estádio Moisés Lucarelli para fazer o cadastro biométrico junto ao TC10 do clube quando fui surpreendido com a informação de que havia sido excluído sumariamente do Conselho. Uma decisão arbitrária, que em nada condiz com quem se vende democrático – falar é tão fácil, duro é agir e colocar em prática – e desrespeita toda coletividade pontepretana.

Aliado ao meu, há casos absurdos de Conselheiros contribuintes desde o início da década de 80 excluídos, mas nada mais ultrajante que a história de um Conselheiro internado, em luta contra a COVID-19, que obviamente não tinha qualquer possibilidade de se defender e foi excluído.


Pois bem, ainda que façamos o exercício no sentido de pensar que respeito às pessoas é algo em desuso na Ponte Preta atualmente, cabe esclarecer que o estatuto do clube é claro e estabelece o seguinte rito processual antes de se efetivar a exclusão de um Conselheiro ou Associado:


I – prévia e regular notificação para que o Conselheiro/Associado regularize eventuais débitos;

II – instauração de procedimento administrativo que possibilite ao Conselheiro/Associado excluído exercer seu direito de defesa;
III – publicação e intimação da decisão fundamentada que ensejou a exclusão;
(IV) a possibilidade de o Conselheiro/Associado recorrer ao Conselho Deliberativo da suposta decisão de exclusão.


Nenhum dos pontos listados acima foi cumprido. Ou pior, há um processo discriminatório, inconstitucional, ilegal e anti-democrático em andamento, praticado justamente por quem tanto defende a igualdade (mais uma vez, destaco, falar é muito fácil.

Mas qual é o poder de palavras jogadas ao vento, em que exclusões sumárias são praticadas contra Conselheiros que integram ou já manifestaram seu apoio à chapa DNA PONTEPRETANO, que prega uma reorganização completa do clube para construção de um modelo sustentável, adequado às práticas mais modernas do mercado, com Governança Corporativa, Transparência, Equidade e Política de Compliance para orientar todas as nossas ações.


Para quem ainda não manifestou sua posição política ou se manifesta favorável à manutenção do atual cenário, o rito parece diferente e quem saberá se não contam ou contarão com a benevolência do simples e garantido exercício do direito de regularizar sua situação antes de exclusões sumárias?

Não posso, nem vou aceitar tamanho ataque calado. Estamos há menos de três meses de novas eleições para definir o comando de nossa Macaca Querida pelos próximos quatro anos e o que esperamos é a realização de um processo eleitoral claro,transparente e jogado dentro das quatro linhas.


O atual momento exige profunda reflexão e união. Que a vaidade e falta de planejamento dêem lugar a um choque de gestão que aproxime nossa Macaca Querida dos princípios de Governança Corporativa, transparência e processos com mecanismos de controle.


Somente desta forma criaremos um ambiente em que os poderes constituídos estarão fortalecidos de verdade, e pessoas preparadas, comprometidas e capazes se sentirão num ambiente que permita realizar o sonho do verdadeiro torcedor pontepretano: colocar a Ponte Preta em uma posição de destaque no cenário do futebol brasileiro.


Mesmo diante deste triste episódio na história da Ponte Preta, é possível notar que os caminhos estão visíveis, embora bem distintos, é verdade. Que essa linda história da Associação Atlética Ponte Preta seja respeitada e sirva de aprendizado: os atos e fatos estão aí presentes em nossas caras, escancarados, não se sustentam, nem se justificam aos olhos daqueles que desejam somente o melhor e um caminho de sucesso para a instituição.


Tudo na vida é uma questão de escolha, assim como a história registra cada um de nossos atos e deixa marcas impressas para sempre. Tenho a convicção de que estou do lado certo, com a consciência tranquila em relação aos meus atos, compromissos e propósitos.

Eu sonho com uma Ponte Preta gigante e, principalmente, que as pessoas, pontepretanos ou não, entendam de uma vez por todas que o mais importante é, e sempre será, a Associação Atlética Ponte Preta e sua enorme torcida.

Campinas, 03 de setembro de 2021
Eduardo Lacerda Fernandes

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