Crônica Diego Viñas: Brasileiro não comemora Olimpíadas

Campinas, SP, 31 (AFI) – No dia seguinte ao título Sub-20, acordei e já liguei a televisão justo na notícia da conquista do Brasil no Sul-americano de futebol. Junto, conseguimos a vaga às Olimpíadas de Pequim, no ano que vem. Que maravilha, não? Não muito!

Claro que fiquei feliz da vida. Corri pro quarto e vesti minha camiseta azul do Brasil da Copa de 98 – achei que fosse pé frio e nunca mais comprei outra – e saí para a rua, bem empolgado, com ar de campeão. Comecei a reparar nas outras pessoas que continuavam com seus paletós, saltos, mochilas. Pareciam muito paulistanos e pouco brasileiros. Como torcedores à paisana.

Aos poucos, comecei a desanimar com algumas idéias que me passavam na cabeça. Pô pessoal! Era o Brasil nas Olimpíadas, rumo a um título inédito. Será que depois de tantas derrotas e decepções na competição, o brasileiro apaixonado desistiu de torcer? Deve ser o fiasco recente da Copa do Mundo, na Alemanha, só pode ser. Mesmo assim. Brasil é Brasil! Ainda mais no futebol.

Temos de torcer, isso me parece tão comum! Não quero perder muito tempo em tentar descobrir o motivo desse marasmo olímpico. Pode ser também pela ausência de ídolos, de craques e grandes estrelas – considere, internauta, este último, um pleonasmo proposital.

Fomos mimados e não queremos promessas de bons jogadores em campo. Torcer pelo futebol é diferente. O vôlei, por exemplo. Nós torcemos para valer nas Olimpíadas. Os gritos do Bernardinho são tão olímpicos. É difícil entender.

Que tal mudarmos esse pensamento? Dizem que a energia do torcedor reflete no desempenho do time em campo, na quadra. Isso pode explicar termos cinco títulos na Copa do Mundo – época de cornetas, ruas pintadas e muita festa – e nenhuma nos Jogos Olímpicos. Cheguei à triste conclusão de que o brasileiro não comemora as Olimpíadas.