Opinião Diego Viñas: A vida é bela, sem bola

brigaitalia 0001 200Era um dia frio do inverno Europeu. O cenário da Itália é parecido. Dia de jogo na região da Sicília e o pai leva, feliz da vida, seu filho pela primeira vez ao estádio de futebol. Uma semana antes, o menino ganhara de aniversário a camiseta oficial do seu clube de coração, o Palermo. Em terceiro do Campeonato Italiano, é uma boa fase para se aumentar o número de torcedores da equipe, não tão tradicional como outras no país.

Campinas, SP, 05 (AFI) – A história que vou contar é parecida com a do filme do italiano Roberto Benigni, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro há mais de 6 anos. Claro que estou longe de almejar à uma estatueta. Em comum, fica a mensagem de tentar mostrar o lado bonito dentro de uma guerra.

Com o decorrer da partida, tudo se tornava muito mais que um sonho para o jovem torcedor e fanático por futebol. Muita festa num grande clássico da região, e seu time vencendo por 2 a 1. Certo momento perguntou ao pai o porquê dos jogadores estarem brigando lá em baixo. Começa aí a fábula. O pai explicou que não era bem uma briga. O fato é que o time adversário descobriu que ele, o menino, estava assistindo ao jogo. O pai disse que se eles, os jogadores, soubessem desde o início da presença do filho no estádio, iriam fazer um espetáculo mais bonito, com mais lances de encher os olhos. Foram reclamar com o time do Sampdoria para que fizessem mais gols e deixar o menino feliz. Era um acordo!Aí o menino perguntou o que era que acontecia na torcida, lá do outro lado, na arquibancada. O pai logo disse que eles estavam decidindo qual seriam os times da pelada logo após a saída do estádio. Eram muitos amigos reunidos, da idade do filho – estavam longe e pôde falar que eram crianças também. E como explicar, depois, as cadeiras voando, a pedras atiradas, um policial morto?

O pai desistiu de criar e disse que aqueles torcedores do Palermo e do Catania eram apenas animais, mas que era necessário ter piedade. Até agora o pai tenta encontrar uma resposta para a última pergunta do filho: Então somos animais também, papai? Pois é, no filme, o pai conseguiu muita história para fazer o filho acreditar que a vida é bela, mesmo no meio do holocausto ambientado da Segunda Guerra Mundial. Aqui, no entanto, não teve explicação para a morte da bola no futebol italiano.