Puskas, castigado pela doença

Aos 79 anos de idade, Ferenc Puskas, um dos filhos mais ilustres da Hungria, está muito doente, o mal de Alzheimer tem se agravado, e já não se sabe mais quanto tempo ficará entre nós. O certo é que tem uma biografia de vencedor no futebol e foi referência daquela fantástica seleção húngara da década de 50, que assombrava o mundo com um futebol ofensivo e de gols.

Aos 79 anos de idade, Ferenc Puskas, um dos filhos mais ilustres da Hungria, está muito doente, o mal de Alzheimer tem se agravado, e já não se sabe mais quanto tempo ficará entre nós. O certo é que tem uma biografia de vencedor no futebol e foi referência daquela fantástica seleção húngara da década de 50, que assombrava o mundo com um futebol ofensivo e de gols.

Puskas é o mais lembrado daquela máquina mortífera, mas justiça seja feita ao excelente ponteiro-direito Czibor, centroavante Kocsis -artilheiro da Copa do Mundo de 1954 com 11 gols-, e do meio-campista Bozsik. Eles também tiveram desempenho preponderante para que a Hungria goleasse a Coréia do Sul por 9 a 0 na abertura daquele Mundial, da surpreendente goleada por 8 a 3 sobre os reservas da Alemanha, e da vitória por 4 a 2 diante da Seleção Brasileira, eliminando-o da competição. O Brasil jogou com Castilho, Pinheiros e Nílson Santos; Djalma Santos, Brandãozinho e Bauer; Julinho, Didi, Índio, Humberto e Maurinho. O técnico era Zezé Moreira.

A Hungria tinha o hábito de definir jogos ainda no primeiro tempo. O time era formado por Crosics; Buzanseky e Lantos; Bozsik; Larant e Zakarias; Czibor; Sandor Kocsis, Hidegkudi, Puskas e Toth. Naquela Copa, tudo evidenciava que fosse levantar o “caneco”, pois contra a Alemanha, na final, a chegava fácil aos 2 a 0, com gols de Puskas e Czibor. A partir daí achou que o jogo estava ganho, e quis “cozinhar o galo”. Os alemães se adaptaram melhor ao gramado encharcado e viraram o placar para 3 a 2. Lágrimas em Budapeste e festa na Alemanha.

Hoje, o futebol húngaro vive só de boas lembranças. Quem é capaz de apontar pelo menos um jogador daquele país de destaque no cenário mundial? Igualmente seria covardia forçar o raciocínio para lembrar que Ferencvaros, Honvéd, Vasas e MTK estão entre as principais equipes daquele país. Provavelmente você não se lembra que a Hungria terminou na quarta colocação as Eliminatórias Européia à Copa do Mundo de 2006, atrás de Croácia, Suécia e Bulgária, só ultrapassando os inexpressivos selecionados de Islândia e Malta.

Se desta pobre Hungria quase não há citação, o mundo jamais esquecerá daquela equipe montada há pouco mais de 50 anos, que foi medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Helsinque, na Finlândia; que chegou em Berna, na Suíça, em 1954, com invencibilidade de quatro anos; e que na história de aplaudidas vitórias insere-se aquela obtida diante da Inglaterra por 6 a 3, em 1953.

Hoje Puskas está bastante debilitado. Tem dificuldade para se locomover porque sofre de esclerose cerebral, mas será eternamente a referência daquela geração de craques. Foi um atacante de estatura média, forte, e encantou o mundo na década de 50 com seus dribles e arrancadas fenomenais.

Tinha o biotipo do argentino Diego Armando Maradona. Guardadas as devidas proporções, um futebol de estilo semelhante. Ele pegava forte na bola, mesmo na corrida, e raramente saía de uma partida sem fazer gol. Tinha um raciocínio veloz para definir jogadas e sabia colocar companheiros na “cara” do gol.

Puskas se nacionalizou espanhol e foi capitão no time do Real Madrid que explodiu em 1958, com um ataque formado por Canário (ex-América-RJ), Del Sol, Di Stefano, Puskas e Gento.