Olimpíada: Pia elogia a Holanda antes de confronto com o Brasil: 'Muito respeito'
Assim como o Brasil, as holandesas estrearam em Tóquio com goleada, aplicando 10 a 3 na Zâmbia
Campinas, SP, 23 – Respeito, confiança e, principalmente, compactação. Para a técnica Pia Sundhage, o caminho para um bom resultado da seleção brasileira diante da Holanda, neste sábado, em Miyagi, nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 passa por esses três aspectos. Em entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira, ela avaliou a próxima adversária do Brasil.
“Acredito que a Holanda é o adversário mais difícil do nosso grupo. Elas têm várias personalidades ofensivas e boas jogadoras neste setor. Lembro de 2017, quando treinei a Suécia contra a Holanda, e elas nos tiraram das quartas de final. Têm uma treinadora muito experiente, que está no jogo há bastante tempo e é muito bem sucedida. Eu tenho muito respeito por ela e pelo time. Gostaria de lembrá-los que estamos falando do segundo melhor time do mundo. Elas jogaram a final da Copa há dois anos e tem as mesmas ótimas jogadoras e uma ótima técnica. Dito isso, nós fizemos nosso trabalho e temos uma ideia de como podemos superá-las com nossos pontos fortes e explorar suas fraqueza”, afirmou Pia, detalhando os ajustes que pretende fazer para o jogo contra as holandesas e também para a sequência da competição.
“Acho que estamos bem preparadas. Teremos mais um treino nesta sexta, um pouco mais tático. Sobre o time que começa o jogo, não tenho certeza de quantas alterações faremos em relação à estreia, mas o que sei é que teremos mais jogadoras vindo do banco dessa vez. Queremos estar preparadas para o terceiro jogo também e ter opções para renovar a equipe. Se tivermos a oportunidade de penetrar no último terço com nossa velocidade, não será tão difícil para as defensoras centrais. Mas, se nós não formos capazes de fazer isso, elas terão mais trabalho, terão que repetir os sprints e etc. Tudo depende do jogo, das mudanças com as substitutas, mas também temos que planejar a partida contra a Zâmbia”, projetou.
Assim como o Brasil, as holandesas estrearam em Tóquio com goleada, aplicando 10 a 3 na Zâmbia. Para a treinadora brasileira, manter o estilo de jogo e explorar as qualidades da equipe será fundamental para a seleção furar o bloqueio europeu.
“Esse é um bom exemplo de como um bom time como a Holanda também concede gols. Claro que mostraremos a elas e conversaremos sobre como devemos jogar com nossos pontos fortes. Um deles é a velocidade, não só de um ponto a outro, mas variando a velocidade e a direção e combinando esses dois. Se fizermos isso na hora certa, acredito que teremos sucesso com a linha defensiva da Holanda. Nós podemos tentar encontrar esse tipo de momento. É importante se movimentar para conseguir um bom passe de infiltração. É com uma boa troca de passes, e não cruzando várias bolas, porque esse não é o nosso estilo, que poderemos marcar”, avaliou.
Reconhecidas por seus ataques potentes, as duas seleções, na última vez em que se enfrentaram, empataram sem gols. Pia Sundhage destacou as principais diferenças que vê entre o Brasil de agora e aquela que foi a campo no Torneio Internacional da França, em março do ano passado.
“Da última vez que jogamos contra elas, optamos por um 4-3-2-1. Nós misturamos um pouco e decidimos jogar num 4-4-2 atualmente. É uma grande diferença. Se você olhar para o meio-campo, nós estamos mais sólidas defensivamente em comparação com aquele jogo. Tivemos que lidar com as situações de 1×1 naquele jogo e teremos novamente agora. Mas estamos melhores juntas, em cobrir uma para a outra no ataque delas. E, no nosso ataque, temos duas jogadoras de frente para criar chances, seja achando um alvo ou jogando nas costas da defesa”, detalhou.
Em relação ao desempenho do Brasil na estreia, a treinadora já tem em mente as correções que precisa fazer no desenho tático da equipe. Pia Sundhage reiterou a importância da compactação para o sucesso brasileiro na defesa e também no ataque.
“Contra a China, nós nos espaçamos um pouco e recuamos a marcação da linha de quatro defensiva um pouco antes da hora. Por outro lado, elas não criaram muitas chances. Mas nossa fórmula para vencer é a compactação, tanto defensiva quanto ofensivamente. Claro que conversamos a respeito, vamos treinar as defensoras para serem mais ativas no posicionamento, especialmente ao defender, sem recuar tão cedo. Vamos conversar, mostrar imagens e enfatizar a importância da compactação quando temos a bola”, disse.
GRUPO BOM DE TRABALHAR
A técnica ainda elogiou a atuação da goleira Bárbara nos momentos em que o Brasil enfrentou mais dificuldades na partida contra a China. Ela falou também das estratégias da comissão técnica para blindar a equipe durante o torneio.
“Bárbara fez um bom jogo na estreia. Ela nos salvou, junto com as traves e o travessão. É ótimo não ceder gols no primeiro jogo. Isso é fruto de um esforço coletivo, mas ela também se apresentou muito bem quando foi exigida. Estamos tratando ela e todo o time com pensamentos positivos. É desse jeito que vamos conseguir avançar. Se alguém nas redes sociais falar… eles têm uma opinião, claro. Mas se você for esperto, você confia no seu time acima de tudo e todos para que eles se concentrem no próximo jogo”, alertou, exaltando o bom ambiente e a leveza da equipe no vestiário.
“É verdade, Marta está feliz e isso é contagiante. E acho que todos nós temos nossa importância. Dito isso, acho que elas são todas muito generosas com suas emoções. Temos a música, temos os sprints nos treinos, estamos marcando gols, e acho que é muito importante desfrutar da jornada. E não só ela, mas todo mundo contribui para isso. Marta está no jogo há muito tempo, teve muitas companheiras de equipe, muitos treinadores e eu adoro que ela seja tão generosa, com tudo, na verdade. É fantástica a maneira como ela vem treinando e eu gosto muito de como ela jogou contra a China”, concluiu.
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