À espera de definição na presidência, jogo da seleção não empolga caciques da CBF
Dirigentes se mobilizam em meio ao afastamento de Rogério Caboclo
Dirigentes dividiram as atenções com diversas conversas nos celulares
Rio de Janeiro, RJ, 23 – Foi com a mesma empolgação que o jogo ofereceu – quase nenhuma – que a cúpula oficialmente em atividade na CBF assistiu à vitória do Brasil sobre a Colômbia na noite desta quarta-feira, no Engenhão, em jogo válido pelo Grupo B da Copa América.
Sem a vibração da torcida e com os comandados de Tite encontrando dificuldades para furar o bloqueio colombiano, o presidente interino da CBF, Antônio Carlos Nunes, e dois dos vices – Ednaldo Rodrigues e Fernando Sarney – variaram entre a atenção ao jogo e aos seus celulares. O novo secretário-geral da CBF, Edu Zebini, também esteve lá.
Desde que Rogério Caboclo foi afastado temporariamente do cargo pelo Comitê de Ética da CBF – ele é acusado por uma funcionária de assédios moral e sexual -, alguns vice-presidentes têm sido vistos com mais frequência na entidade e em jogos da seleção.
Ednaldo Rodrigues e Fernando Sarney já eram habitués na sede, e nas últimas semanas têm praticamente batido ponto por lá – Sarney ficou um tempo afastado se recuperando da covid-19. Além deles, claro, outro que tem estado com frequência no prédio da Barra da Tijuca é o coronel Antônio Carlos Nunes, que está na presidência interina. Outros dois vices, Gustavo Feijó e Francisco Novelletto, também apareceram na CBF nas últimas semanas. Antes, a preferência era por reuniões à distância.
Mais do que uma tentativa de mostrar que a CBF não está acéfala, a presença dos vices serve também para demarcar território. Caso Rogério Caboclo não consiga retomar a presidência, uma nova eleição será convocada para definir o novo mandatário para um mandato tampão, válido até abril de 2023. E, nesse caso, apenas os atuais vices, incluindo o coronel Nunes, poderiam concorrer.
Afastado desde 4 de junho, Rogério Caboclo ainda tem esperanças de retomar o cargo. Ele aguarda por uma decisão do Comitê de Ética, que tem até o dia 4 de julho para se manifestar. O órgão poderá afastá-lo por mais 30 dias ou recomendar seu afastamento definitivo. Nesse caso, caberá às 27 federações estaduais decidirem – são necessários 3/4 dos votos – se Caboclo fica ou é destituído do cargo.
Nos últimos dias, Caboclo tem mantido contato com dirigentes estaduais em busca de pelo menos sete votos para mantê-lo na presidência. Apesar de ele insistir na sua inocência, todos na CBF acham improvável que ele consiga reunir o apoio necessário devido à natureza das acusações.
Marcio Dolzan
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